Colégio-Escola Arcoverde

Colégio-Escola Arcoverde
Mehor-yê Lach-me yê Oxóssi e Mahor-yê Lach-me yê Obá

GoogleTranslate

sábado, 28 de abril de 2018

Xamanismo e Loucura Controlada





CAPRA: Uma das questões mais enigmáticas e intrigantes de todo o campo da medicina, para mim, é esta: O que é doença mental? 


GROF: Muitas pessoas são diagnosticadas como psicóticas não com base em seu comportamento ou inadaptabilidade, mas com base no conteúdo de suas experiências. Alguém que é perfeitamente capaz de lidar com a realidade cotidiana, mas que vive experiências muito insólitas, de um tipo místico ou transpessoal, pode acabar recebendo eletrochoques (...) O que me fascina é que até mesmo as culturas xamanísticas não toleram todo tipo de comportamento. Elas sabem o que é uma transformação xamanística e o que é ficar louco. 

LOCK: Sim, sem dúvida. Também há loucos nas culturas xamanísticas, 

GROF: Há, na antropologia contemporânea, uma forte tendência para identificar a chamada “doença xamanística” com a esquizofrenia, a epilepsia ou a histeria. Diz-se freqüentemente que não há psiquiatria nessas culturas primitivas não científicas, e assim muitos pensamentos ou padrões de comportamento bizarros e incompreensíveis são interpretados como sobrenaturais ou sagrados. Isso simplesmente não é verdade. Os xamãs verdadeiros têm de ingressar nos domínios incomuns da experiência e depois voltar para integrá-los à realidade cotidiana. Eles têm de mostrar que sabem agir de maneira adequada, e até mesmo superior, em ambos os domínios. Um bom xamã está a par de tudo o que acontece na tribo, possui grandes habilidades interpessoais e é muitas vezes um artista criativo. 

LOCK: Sim, e ele tem de usar os símbolos da sociedade. (...) Eu acredito de fato que existe algo que é doença mental. Em toda cultura, há certas pessoas incapazes de comunicar até mesmo suas necessidades mais rudimentares. 

CAPRA: Então o contexto da sociedade é decisivo para a idéia de doença mental? 

LOCK : Sim, absolutamente. 

(...) 

DIMALANTA: A questão não é se podemos entrar na psicose, e sim se podemos entrar e sair dela. Veja bem, todos nós podemos ficar um pouco loucos de vez em quando. Isso nos dá uma perspectiva diferente de nosso pensamento linear, o que é algo muito excitante. E nos torna muito criativos. 

LOCK: E esse é também o critério para um bom xamã. Alguém que pode controlar a experiência dos estados alterados de consciência. 

CAPRA: Podemos então dizer que parte da doença mental é a incapacidade de usar símbolos corretos em sociedade. Não se pode dizer apenas que isso é culpa da sociedade. Há efetivamente algo com que o indivíduo não consegue lidar.

DIMALANTA: Certo.

LOCK: Definitivamente.

DIMALANTA: Concordo com Carl Whitaker, que distingue três espécies de loucura. Uma delas consiste em ser levado à loucura numa família, por exemplo. Outra é agir feito louco, o que todos nós fazemos às vezes, e que é bastante excitante se soubermos entrar e sair desse estado. A terceira é ser louco, que é quando não se tem controle sobre isso.

SHLAIN: Não gosto muito da palavra “louco”. Para mim, ser louco, ou esquizofrênico, significa estar fora de contato com a realidade, com esta realidade, neste momento. Quando você é levado à loucura, está reagindo de maneira inapropriada mas não está em outro mundo. Acho que devemos ser bastante estritos no modo como definimos esquizofrenia e doença mental grave. De outra forma teremos de falar sobre o que é uma reação apropriada e o que é uma reação inapropriada, e isso se torna tão vago que não seremos capazes de enfocar coisa alguma.

CAPRA: E por isso que Tony distingue entre ser levado à loucura e ser louco.

SHLAIN: Certo, mas ele afirma que alguém pode enlouquecer e voltar sem problema algum. Isso significa apenas agir como louco, no sentido coloquial da palavra, ou efetivamente perder o contato com a realidade?

DIMALANTA: O que quero dizer com agir como louco é a capacidade de ir além das normas sociais. Há muitas maneiras socialmente aceitáveis de agir como louco. 





Resultado de imagem para Sabedoria Incomum Por Fritjof Capra




texto: https://books.google.com.br/books

imagens: Search Google

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Casa do Pai tem muitas moradas. Se aqui você encontrou um pouso, um descanso, um novo olhar deixe seu comentário, um feedback. Sua apreciação ou não. Existem muitas formas de comunicação e o silêncio e o anonimato também deixam marcas e considerações. Tenhamos todos uma vida extraordinária. Salve Nossas Forças! Axé! Jáh! blesses for we all!