A vida é marcada por histórias.
Histórias que acabam e histórias que começam
– até o fim da vida.
– até o fim da vida.
E todas essas pequenas histórias
– um dia que termina num poente magnífico,
– um dia que termina num poente magnífico,
uma relação que começa, o almoço, o banho,
a leitura de um livro, um trabalho
de que somos subitamente demitidos,
de que somos subitamente demitidos,
um amigo que morre, um filho que nasce
– vão tecendo isso que é a história de uma vida.
Dia a dia.
Minuto a minuto até.
Minuto a minuto até.
E de tal modo que a totalidade dos fatos passados pesa sobre o fato seguinte,
sem, no entanto, torná-lo necessário:
sem, no entanto, torná-lo necessário:
há sempre a possibilidade da descontinuidade
não como fim natural e previsível,
mas como desvio imprevisto,
mas como desvio imprevisto,
seja por acidente, seja por um ato
– pensado ou impensado – do sujeito.
– pensado ou impensado – do sujeito.
E, por outro lado, esse ato, como qualquer outro ato,
pode ter um peso tal
que espalhe sua influência até pelo passado,
que espalhe sua influência até pelo passado,
redimensionando o papel que a totalidade dos fatos
até então tivera.
até então tivera.
Desse modo, cada ato é influenciado
por todos os atos anteriores,
por todos os atos anteriores,
mas também ao somar-se à totalidade,
a modifica,
a modifica,
às vezes radicalmente.
A vida está portanto aberta ao milagre e à transformação radical,
aquela que afeta não só o futuro
como o passado.
como o passado.
Estranhamente – isto é,
de um modo que mistura mistério e beleza –
de um modo que mistura mistério e beleza –
nossa liberdade repousa sobre nossa contingência,
que por sua vez, resulta de nossa finitude.
Porque somos finitos, somos contingentes
e porque somos contingentes, somos livres.
O que nos ocorreria se ainda fôssemos imortais,
admitindo que a morte é consequência do pecado original?
Supondo que teríamos a ciência infusa
que atribuímos aos anjos,
que atribuímos aos anjos,
perceberíamos sem esforço
a necessidade de todas as coisas
a necessidade de todas as coisas
e nossa liberdade consistiria então na simples adesão
à verdade,
à verdade,
sem angústia, sem orgulho
ou humildade,
ou humildade,
mas com profundo encantamento,
porque viveríamos numa condição
em que a coincidência transcendental
entre verdade, beleza e bondade
em que a coincidência transcendental
entre verdade, beleza e bondade
seria uma trivialidade
que nunca cessaria de nos maravilhar.
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